Fernando
da Silva Comin
Procurador-Geral
de Justiça
A
aprovação pelo Congresso Nacional do projeto de lei conhecido como
Lei de Abuso de Autoridade, sem um debate compatível com o impacto
que será causado pelo efeito colateral de cerceamento ao trabalho de
combate à criminalidade e à corrupção pelo Ministério Público,
Polícias e Judiciário, desconsidera os mecanismos de controle já
existentes e pode representar perigoso retrocesso a avanços
importantes conquistados pela sociedade brasileira.
Ninguém
está acima da lei e é evidente a necessidade de controle de abusos,
onde quer que ocorram. Todavia, a redação aprovada praticamente
esvazia a função das instâncias de controle interno
(corregedorias) e externo (conselhos nacionais), criminalizando
condutas a partir de exceções pontuais, provocando desestímulo às
investigações e denúncias de crimes graves, diante da
possibilidade de punição dos agentes de controle pelo regular
exercício de suas funções constitucionais.
Suprimir
a liberdade de investigação da autoridade pública é abrir caminho
para a impunidade. Não pode haver espaço para que se imponham
obstáculos à atuação da Polícia, do Ministério Público ou do
Poder Judiciário. Uma sociedade forte é aquela que conta com
instituições igualmente fortes. Se desejamos avançar e galgar
novas posições econômicas, sociais e políticas é necessário
afastar qualquer iniciativa que ameace o exercício fiscalizatório
incumbido às autoridades constituídas.
Dispostos
a cumprir nossa missão, queremos fazê-la sem represálias. Por
isso, o Ministério Público de Santa Catarina se manifesta
contrariamente ao projeto na forma como está, desejando a construção
de amplo diálogo voltado ao aperfeiçoamento dos sistemas atualmente
existentes. Se, para alguns, defender a sociedade pode vir a ser
crime, para nós, defender a Constituição e as leis é missão.
Fonte:
Clipagem de Notícias do MPSC
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