A
proposta é conscientizar sobre a importância do comparecimento às
consultas do SUS
Mais
de 900 mil pessoas estão aguardando, hoje, pela realização de
exames, consultas e procedimentos cirúrgicos no âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS) em Santa Catarina, de acordo com dados das
Secretarias Estadual e Municipais de Saúde. Uma das causas que
contribuem para a lentidão no atendimento e o consequente
crescimento da fila é o fato de que mais de 30% dos usuários não
comparecem na data agendada para a realização de sua consulta ou
procedimento. Para conscientizar a população e melhorar esse
cenário, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) lança a
campanha institucional SUS sem Falta.
A
campanha busca demonstrar a importância de se comparecer ou, ao
menos, comunicar, previamente, a falta para a unidade de saúde,
contribuindo para que outro cidadão seja atendido no horário. "Essa
campanha é fundamental em suas duas vertentes. Por um lado, para
incentivar os gerentes e profissionais da saúde a verificarem os
motivos da ausência desses pacientes, se é por falta de transporte,
por falta de certo medicamento, enfim, identificar o problema para
tomar providências cabíveis e buscar controlar a situação. Por
outro lado, a campanha também tem por finalidade conscientizar o
usuário do SUS, para que ele tome conhecimento de que quando falta e
não comunica, outra pessoa também não será atendida",
comenta a Promotora de Justiça Caroline Cabral Zonta - uma das
idealizadoras do programa de redução da fila do SUS quando
Coordenadora do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos.
Focada
no ambiente digital, a campanha é composta por peças gráficas e
vídeos para publicação em redes sociais, como Instagram, Facebook
e Whatsapp, além de cartazes, que poderão ser impressas e
distribuídos para as unidades de saúde. Outro diferencial da
campanha é que as artes serão cedidas em formato aberto, para que
os municípios e/ou outras instituições possam inserir logomarcas
como apoiadoras e também divulgar a iniciativa. Além disso, a
campanha se relaciona visualmente com outra promovida pelo MPSC, do
SUS gratuito, que busca ressaltar a gratuidade de qualquer tipo de
atendimento ou procedimento realizado pelo SUS.
CONSEQUÊNCIAS
DO ABSENTEÍSMO
Em
casos de ausência, o recomendado é que o paciente avise à unidade
de saúde assim que estiver ciente da impossibilidade de
comparecimento, de preferência com pelo menos 48 horas de
antecedência. Quando isso não acontece, ninguém é atendido. Isso
significa que os recursos do SUS são utilizados para pagar um
profissional que não pôde prestar seu serviço e que também teve
seu tempo desperdiçado.
Em
2016, o impacto financeiro causado pelas faltas chegou a pelo menos
R$ 13,4 milhões, considerando as 20 unidades sob responsabilidade do
governo estadual e as unidades dos municípios com mais de 100 mil
habitantes. Na rede estadual, o índice de faltas chegou a 33,2%.
Entre as redes municipais, Palhoça apresentou o maior índice de 41%
de faltantes. Já Chapecó teve o maior prejuízo financeiro,
desperdiçando cerca de R$ 2,5 milhões.
SE
NÃO PUDER COMPARECER, AVISE!
Veja
abaixo os vídeos da Campanha SUS sem Falta.
TRANSPARÊNCIA
NA LISTA DE ESPERA DO SUS
Morosidade
no atendimento e falta de informação sobre o efetivo agendamento do
serviço e sobre a colocação na lista de espera são alguns dos
tópicos que frequentemente são levados ao MPSC como reclamações
dos cidadãos sobre o Sistema Único de Saúde. Por isso, a
transparência dos serviços de saúde pública sempre foi uma das
prioridades da Instituição. Diversos esquemas de fraudes já foram
desmantelados, tanto pela ação das Promotorias de Justiça quanto
pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações
Criminosas (GAECO). Em 2015, o MPSC lançou o Programa Transparência
nas Listas de Espera do SUS com o objetivo de fomentar o
desenvolvimento da cultura de transparência na administração
pública e garantir o direito à informação, permitindo, por
consequência, uma melhora na fiscalização pelos órgãos
competentes e no combate à corrupção na área. A perspectiva de
publicizar todas as listas de espera do SUS foi atendida em janeiro
de 2017, com a sanção da Lei Estadual 17.066, que determina que
qualquer estabelecimento que ofereça serviços pelo SUS
disponibilize na internet as listas de espera para consultas, exames,
cirurgias, entre outros procedimentos. A partir de novembro de 2017,
o portal com as listas passou a funcionar, permitindo ao cidadão
consultar sua posição na fila e a previsão de atendimento
utilizando o número do CPF ou do Cartão Nacional de Saúde (CNS). No
fim de 2018, o MPSC firmou um termo de cooperação técnica com
Secretaria de Estado da Saúde (SES/SC) e com o Conselho de
Secretarias Municipais de Saúde (COSEMS/SC) para disponibilizar uma
ferramenta chamada "BI das listas do SUS", que utiliza
técnicas de Business Intelligence para coletar, organizar e analisar
dados da área da saúde. A ferramenta possibilita aos gestores e
profissionais de saúde analisar as maiores necessidades da população
e, a partir delas, definir estratégias para atender a população e,
paralelamente, avaliar se os serviços ofertados na Atenção Básica
estão sendo eficientes e resolutivos. No momento, o MPSC está
buscando aprimorar ainda mais a ferramenta, acrescentando, por
exemplo, os dados referentes ao absenteísmo dos pacientes.